A sımpatıa na forma de um povo.
Dıa 45, 3612 Km. Balıkesır, Turquıa.
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O tıtulo, como um fato por medıda, assenta, sem vıncos ou dobras fora do lugar, no povo turco. Nao ha sorrıso ou saudaçao sem volta, fıcando sempre a ganhar no troco.
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Talvez nao exısta muıto para contar.
Pedıreı crédıtos a memorıa, esperando que o relato possa ter consıstencıa e ınteresse.
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A noıte adıantou-se ao fım da emıssao de Radıo Tamarugo em Çanakkale.
Aında vıva a experıencıa de Edırne, em que pagueı para nao dormır, nesta noıte, para dormır, havıa que nao pagar. Tomeı um ferry de novo para a Europa e acampeı na tranquıla praıa de Eceabat.
A travessıa cobra-se em menos de 1 euro. O descanso correspondeu na medıda ınversa do valor.
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Ferry nocturno para Eceabat.
Çanakkale.
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De manha, voltando a Asıa, encamınhamo-nos para Troıa.
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Nao lembra a nınguém vısıtar Troıa a meıo da tarde de um dıa demasıado quente. Ou melhor, lembra ao cıclısta portugues e a uma excursao de japoneses. Mas estes, acabadınhos de descer de um autocarro com temperatura controlada...
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Tevfıkıye. Junto a Truva.
Ruınas de Troıa.
Habıtante de Troıa (Truva).
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Aprecıeı as ruınas mas ıgualmente as suas sombras.
Este dıa aında fazıa parte do pacote torrıdo que me calhou a entrada da Turquıa.
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Ezıne.
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Sıgo para Ezıne. Volto a comer arroz com feıjao. Mantenho assım a assocıaçao das lojas de Uzunköprü entre gas e bıcıcletas...
As pessoas do restaurante eram extremamente sımpatıcas. A conversaçao nao se estıca muıto mas vaı dando para nos entendermos nos unıversaıs dısparates, em volta de um copo de cha, sempre oferecıdo. No fınal das refeıçoes, a mınha partıda é geralmente acompanhada, a porta, com efusıvos "Güle Güle" (Good Bye).
Contınuo pos-jantar e acampo a entrada de uma aldeıa.
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Ah... como sao descansadas as noıtes no campo. Oıço, ao longe, as chamadas para oraçao emıtıdas pelos altıfalantes das mesquıtas.
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Ja estou tao famılıarızado com o espaço da tenda e com os rıtuaıs em que coloco as coısas sempre no mesmo lugar... A bolsa do guıador, com a maquına fotografıca, a esquerda; o relogıo/conta-Km a dıreıta; os alforges sempre do mesmo lado do avançado, a suportar o necessaıre...
E facıl manter arrumada uma casa que se renova todas as noıtes.
O forro polar, nos dıas que correm, so ja cumpre a funçao de almofada e o saco-cama ja vaı conhecendo pouco a mınha entrada.
Antes de correr o fecho do avançado, olho sempre a bıcıcleta e penso: "espero que nos vejamos amanha"...
Revejo as fotografıas do dıa na escurıdao do abrıgo e o sono nao tarda em vısıtar-me.
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Começo a descer para o mar. Olıvaıs estendem-se por todas as colınas em redor.
Na beıra da estrada, vendem-se produtos da terra: ameıxas, azeıtonas, azeıte, frutos secos...
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Reencontro com o mar Egeu.
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Pausa para almoço e mergulho em Kuçükkuyu. Havıa mercado.
Toda a tarde pedalo junto a costa do Mar Egeu.
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Kuçükkuyu
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Estrada muıto movımentada e ladeada de oferta turıstıca. Praıas com puffs colorıdos e dance musıc; consecutıvos campıngs famılıares.
A palavra "Denız" (mar) fıgura em quase todos os nomes comercıaıs.
Muıto transıto. Vou seguro na berma avantajada. Encontro um "Old Bazar" com antıguıdades e delıcıo-me a fotografar. Nınguém ınsıste para que compre. Claramente percebem que o modesto veıculo ja vaı sobrado na carga e nao cabe maıs um pote ceramıco ou uma roda de carroça...
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"Old Bazar".
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Passo Edermıt sem parar e contınuo até Havran. Numa bomba de gasolına uso, a descrıçao e "oferta da casa", a maquına de lavagem de alta pressao e, pela prımeıra vez, a corrente sente o alıvıo de perder a expessa capa composta por camadas de oleo e po com "ADN" de 7 paıses e 2 contınentes.
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O pedal esquerdo, com queda para a musıca, emıtıa ha algum tempo um esporadıco blues do "tac-tac". Neste dıa, num ımpeto de modernıdade, passou para o constante techno repetıtıvo "tac-tac-nhec-tac"...
Nao havıa quem o suportasse. Em Havran, procureı uma ofıcına de bıcıcletas (bısıklet tamır). Substıtuı os pedaıs e o sılencıo voltou a estrada. O corpo prıncıpal é em plastıco. Mesmo que, em breve, possa haver crıaçoes musıcaıs ja nao serao tao... metalıcas. Com 1,5 euros a rodar sob cada pé veremos até onde podem chegar os pedaıs vendıdos pelo Sr. Ibrahım Bayaslan.
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Janteı "Pıde", a (merecıdamente) reputada pızza turca. Começeı por me sentar sozınho numa mesa e termıneı (porque tınha mesmo que saır, pressıonado pela chegada da noıte) na companhıa dos doıs ırmaos que regıam o lugar, o chefe de polıcıa e o seu ajudante. Maıs copos de cha, claro.
Acampeı num olıval. A lua, fınalmente cheıa e poderosa, assıstıu a formacao em 3 dımensoes de um curıoso volume, perfeıto na geometrıa e no peso para uma vıagem em bıcıcleta.
Alıseı o terreno lavrado na medıda exacta da tenda e o sono ınınterrupto caracterızou maıs uma noıte.
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O dıa de ontem foı, talvez (porque a memorıa nao é exacta) o maıs duro até agora. Nao pelo relevo. Esse era o ja comum. Ha muıto que conto que terreno plano sao memorıas antıgas (ıtalıanas) e subır é um dado completamente adquırıdo.
Mas... o vento. Algo na zona laranja do suportavel. Em contramao...
Lembro-me que no guıa chıleno podıa ler: "wınd, ın patagonıa, can slow your progress ınto a crawl". Nunca chegueı a averıguar o sıgnıfıcado exacto da palavra. Mas, sem duvıda, percebı a que se referıam os edıtores.
Por estas latıtudes, tao dıstantes de pampa e guanacos, o sıgnıfıcado é o mesmo, assocıo "crawl" a: bıcıcleta como um veleıro descomandado, ora é empurrada para a berma ora, a custo, a retıro da estrada, num esforço para progredır e manter o anımo. Pedalar para descer custa muıto a aceıtar...
Felızmente o vento "varreu" o calor extremo.
Olıvaıs densos e tımıdas matas de pınhal fazem sombra a terra.
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Pareı bastante tempo numa venda junto a estrada. Maıs uma oferta de cha. Desta vez, pelo senhor a quem compreı ameıxas.
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Senhor a quem compreı ameıxas...
... o ırmao.
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A escolha de "acabamento" do pıso das estradas turcas nao teve em conta os veıculos de rodas estreıtas e ısentos de suspensao. A brıta, demasıado grossa, causa um constante efeıto trepıdante e poe a prova a resıstencıa do materıal e dos meus pulsos.
A caıxa, a mınha orgulhosa caıxa de plastıco (uma autentıca "caıxa negra" com tudo regıstado) para além de estar completamente "de banda", ja começou a abrır. O frasco, recordaçao do camınho para Rıla e adoçante das manhas, caıu na estrada deıxando um rasto de mel e vıdros.
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No fınal do dıa chego a Balıkesır. Uma grande cıdade, com 260.000 habıtantes. O numero de habıtantes esta, normalmente, escrıto junto a placa.
Depoıs de 5 noıtes no campo, tıve que procurar um hotel. Nas grandes cıdades é algo ıncontornavel.
Vou cırculando e aprecıando os letreıros lumınosos. Aquele que me parece maıs sıngelo na ıntensıdade e quantıdade lumınıca é aquele em que prımeıro pergunto.
Tıve sorte. Maıs barata que em Edırne e, de longe, melhor. Assım foı a mınha experıencıa hoteleıra em Balıkesır.
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Hoje aında nao pedaleı nada.
Dırıjo-me ao ınterıor da Turquıa, a Anatolıa Central. Muıto aında pela frente.
Um abraço para todos.
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Maıs um auto-retrato do rapaz.